Passaram oito meses. Hoje, regressas finalmente ao espaço que te faz feliz. Ao tapete, às piruetas, aos mortais, ao trampolim.

Esta manhã seguravas um saco azul junto ao peito. Seguravas com tal força que a possibilidade de o vires a perder não existia. Seguravas com tal determinação, que cedo percebi que guardava aquilo que de mais precioso o mundo tem. E na verdade, para ti guardava. Esse saco azul guardava o equipamento de ginástica que durante oito meses se manteve imaculadamente guardado numa gaveta e o qual visitavas várias vezes por semana. O qual dobravas com todo o cuidado como se de uma peça frágil de cristal se tratasse.

Ao fim de oito meses, vais finalmente voltar a olhar para o trampolim de frente. Cara a cara. Sem o medo que nunca tiveste.

Ao fim de oito meses, vais sentir o coração a querer saltar-te do peito. Nesse minuto lembra-te que mesmo nos momentos mais difíceis, naqueles em que duvidas até de ti própria, sempre que nosso o coração sobe acima da garganta e o bater se torna tão intenso, não seguir o seu compasso é morrer um pouco.

O preciso momento em que se duvida, o preciso momento em que deixamos de acreditar em nós, é o exacto momento em que falhamos.

PS: Se tenho medo do teu regresso? Claro que sim. Mas que raio de amor seria o meu se não fosse capaz de se sobrepor ao egoísmo maternal que se materializa na pergunta "E se volta a acontecer o mesmo? E se... E se... E se.... "


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